segunda-feira, 30 de março de 2009

«O Papa pode ter razão», diz articulista do "Washington Post"


Cito apenas o Expresso online:

«Preservativos em África: Artigo no "Washington Post" diz que Papa pode ter razãoA distribuição de preservativos não está a judar a combater a Sida em África e pode, inclusive, estar a ter o efeito contrário. Quem o defende é Edward C. Green, um cronista do "Washington Post", citando estudos científicos.»
Veja no Expresso

8 comentários:

Joaquim Costa disse...

Transcrevo de http://diario.iol.pt:

«O especialista em prevenção da SIDA do Centro de Harvard concorda com o Papa Bento XVI acerca do uso do preservativo. Edward C. Green diz que as polémicas declarações do Sumo Pontífice na visita a África estão «correctas».

Bento XVI foi criticado pelo Governo alemão e francês por dizer que a SIDA em África «não pode ser ultrapassada com a distribuição de preservativos». Bento XVI apelou à monogamia como forma de combater a propagação do VIH.

A Federação Internacional de Planeamento Familiar chegou mesmo a dizer que as declarações do Santo Papa são «assustadoras».

O especialista de Harvard considera que a distribuição do preservativo pode conduzir a uma «compensação de risco». Green diz que, uma vez protegidas com o preservativo, as pessoas tendem a assumir relações sexuais de maior risco.

«Não encontrámos nenhuma associação consistente entre o uso do preservativo e menores taxas de infecção pelo VIH, que, em 25 anos de pandemia, deveríamos ter encontrado se esta intervenção estivesse a resultar», afirmou Edward Green em entrevista à revista norte-americana «National Review Online», citada pelo «Times Online».

Green defende que a redução do número de relações sexuais extraconjugais, bem como a redução da bigamia, combinadas com as relações conjugais de longa-duração são a foma mais eficaz para prevenir a infecção com o vírus da SIDA.

«A melhor e a última evidência empírica mostra que a redução do número de parceiros sexuais é o comportamento mais importante que tem relação com a redução da taxa de infecção por VIH», acrescentou Green, dizendo ainda que a segunda mudança de comportamento mais eficaz é a circunsição masculina.»

Em contra-corrente disse...

A ONU mandou fazer um estudo e depois, porque os dados não estavam de acordo com o que pensavam os chefes, põe-no de lado?!
Esta gente não presta: só pensa em dinheiro e sexo. E os outros que se lixem!!!

Caros Amigos disse...

Trago para aqui o comentário de João César das Neves por ter capacidade de nos fazer reflectir

«Preservação do bom senso

Nas críticas ao Papa fica-se em geral com a dúvida se, sem querer ofender, quem as faz não pensa antes de falar. Isso vê-se bem no recente surto de insultos acerca das declarações feitas numa entrevista.

Basta ler o trecho, o que poucos fizeram, para compreender que o Papa nunca disse que o preservativo dá sida (tema da maior parte das críticas), mas que usar apenas a distribuição do preservativo aumenta o problema. Especialistas sensatos e estudos desapaixonados, como o de Edward C. Green, director do AIDS Prevention Research Project no Harvard Center for Population and Development Studies (http://article.nationalreview.com/, 19 de Março), concordam com Bento XVI que uma exclusiva distribuição de preservativos agrava o drama da sida.

Esta posição é do mais elementar bom senso. É fácil compreender, por exemplo, que a obrigação de usar cinto de segurança nos automóveis aumenta o risco de acidente, porque os condutores, sentindo-se mais seguros, aceleram. Por isso é que nenhum governo do mundo se limita a exigir o cinto, complementando com limites de velocidade.

A maior parte dessas críticas nasce de uma confusão infantil. Existe uma polémica antiga contra a Igreja por ela recusar o uso do preservativo na contracepção familiar. Isto estabeleceu a ideia de que a moral cristã é sempre contra o preservativo, o que é falso. Para perceber isto é preciso pensar um bocadinho, o que nestas coisas costuma ser difícil.

Se alguém comete adultério, acto homossexual ou visita um prostíbulo, a moral cristã diz que isso é mau. Se fizer, use o preservativo. Primeiro porque essas situações nada têm a ver com um casal a decidir o método contraceptivo. Mas sobretudo porque o pecado que se comete é tão grave que a questão do preservativo se torna irrelevante. É o mesmo que perguntar se, quando se rouba um banco, é permitido levar pistolas sem licença de porte de arma. A resposta de um juiz sensato seria positiva, mas a pergunta é muito estúpida. Quem viola aberta e gravemente um princípio fundamental não se preocupa com o cumprimento de uma regra menor, para mais fora do contexto.

Por isso é que dizer, como se ouve muito, que a atitude da Igreja condena os africanos à sida não faz o menor sentido. Se as pessoas cumprirem os preceitos da Igreja, vivendo a sua sexualidade na castidade e fidelidade conjugal, eliminam totalmente o risco de contágio. Se violam os preceitos da Igreja na sua vida sexual, caem fora dos limites da moral cristã. Nesse caso porquê ligar a esse detalhe secundário? O elementar bom senso recomenda o preservativo.

O Papa disse em seguida: "A solução só pode ser dupla: a primeira, uma humanização da sexualidade, ou seja um renovamento espiritual e humano que traga consigo um novo modo de se comportar um com o outro; a segunda, uma verdadeira amizade, ainda e sobretudo com as pessoas que sofrem; a disponibilidade, até com sacrifícios, com renúncias pessoais, a estar com os que sofrem."

Isto contrasta com a atitude habitual dos especialistas da sida, porque o Papa trata os africanos como pessoas com dignidade, e não como brutos lascivos, incapazes de resistir aos instintos.

Nas campanhas contra a sida deve-se começar por promover uma vida sexual sem promiscuidade. Se falhar, então use-se o preservativo. A medicina em todas as doenças tem sempre esta atitude profiláctica e formativa. Pelo contrário, as organizações internacionais de combate à sida limitam-se a métodos mecânicos e simplistas, dizendo o equivalente a: "Ponha o cinto e acelere à vontade." Porquê esta atitude irresponsável? Será fascínio com o sexo ou desprezo pelos negros?

João César das Neves, no DN de 30-03-2009
Professor universitário, naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt»

Maria João disse...

Dá sempre jeito deturpar o que a Igreja diz. Para não vermos as asneiras que fazemos ...


Um abraço

Ãngela disse...

Até é verdade que acabar com a SIDA não se resume ao simples uso de preservativo e que a educação, a mudança de atitudes, a uma informação assertiva sobre a vida sexual. No entanto, em África como noutro qualquer continente do mundo, as opções de vida que se tomam, são de tudo no imediato, aqui e agora. É, no fundo, a sociedade que construímos do materialismo e do consumismo. Essa educação a que tanto apelamos, mudará a forma de pensar e de agir mas são precisas décadas. Até lá, algumas medidas terão que ser tomadas. Não sei se as ONG's se limitarão a distribuir preservativos. Essa é, naturalmente, a face mais visível do precurso. Em conclusão, o Papa não fez afirmações desprovidas de intenção mas, faltou-lhe acrescentar o que ele não queria acrescentar.

Sandra Gomes disse...

Sexo sem amor é promiscuidade.
E dá nisto.
A Igreja faz bem em alertar as pessoas que o preservativo não resolve tudo.

Anónimo disse...

Os políticos é que são culpados da Sida. Se eles fizessem leis para moralizar as pessoas, e eles mesmos dessem exemplo, tudo seria diferente, para melhor.

Marta disse...

Concordo com o anónimo.