D. Manuel da Silva Martins disse, há dias, na TSF, que «existe muita fome em Portugal, sobretudo nas famílias constituídas por reformados», onde o orçamento «vai quase todo para os remédios» dos idosos.
«Os responsáveis deste país deviam parar para reflectir um pouco e ver que caminhos deviam abrir para criar um clima de esperança em Portugal», disse aquele que se considera mais uma voz a juntar à de tantos portugueses que vivem mergulhados no desânimo perante as políticas sociais.
Questionado sobre a revisão do Código de Trabalho que já motivou uma manifestação, convocada pela CGTP, que juntou 200 mil pessoas em Lisboa, o primeiro bispo de Setúbal afirmou que o novo documento agride os trabalhadores.
«Este Código do Trabalho agride directamente a dignidade e a capacidade de sonhar sobretudo dos mais pobres e dos mais jovens», mas também das pessoas de meia-idade que ficam desempregadas, destacou, sublinhando que também este assunto deve merecer «uma atenção redobrada por parte de quem manda».
O antigo Bispo de Setúbal sabe o que diz e nunca teve papas na língua. Ficou célebre o seu comentário a declarações de Mário Soares, quando este era primeiro ministro do governo português, nos princípios da década de 80, e que dizia que não havia fome em Portugal:
– Se Portugal é Nafarros, o primeiro ministro tem razão. Tenho a certeza que não há fome em Nafarros, declarou o Bispo referindo-se ironicamente à casa rica do então primeiro ministro.
Foi o seu nunca desmentido compromisso com os mais pobres que levou algumas autarquias a designá-lo seu «cidadão honorário». Também foi condecorado com várias medalhas de mérito, dando o seu nome ao polo de Setúbal da Universidade Moderna e à antiga escola Secundária Nº1, localizada na estrada do Alentejo.
A própria Assembleia da República aproveitou a sessão evocativa dos 60 anos da assinatura, em Paris, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, para lhe entregar a medalha de ouro comemorativa do 50.º aniversário daquela Declaração.
D. Manuel da Silva Martins nasceu em Leça do Balio a 20 de Janeiro de 1927. Está, portanto, a completar 81 anos de idade. Este blog presta-lhe sincera homenagem e deseja que continue por muitos anos a ser luzeiro num país que bem precisa de profetas que sejam voz dos mais pequenos e marginalizados.
eu grito [poema 396]
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grito para dentro e o eco faz-se na cabeça, percorre a espinha
e aloja-se no coração. Grito, berro, grito berros que são gritos
são um grito com milhares ...
Há 8 horas
8 comentários:
Nafarros?!!!
O Mário Soares foi o pior primeiro ministro da democracia...
D. Manuel Martins é que devia ser primeiro ministro. Talvez assim não houvesse tanta desigualdade.
E quem ouvirá o profeta?????
Que o Espírito Santo nos ilumine!
beijos
muito obg ver pra crer
abraços fraternos, tribo catolica!!!
A política social em alguns países vive o "caos no mundo."
Cada dia mais, o menos é acrescentado na vida do pobre em todas as circunstancias.
Abracos
Este Bispo merece ficar na história, pois soube ser voz dos que a têm.
Se não fosse Bispo, muitos falariam dele e até se serviriam do que ele disse.
Mas como é, vai ficando no esquecimento...
Abraço amigo em Cristo
Gostaria de indicar o texto de Teodoro A. Mendes (Tamen) sobre a os Profetas do Nosso Tempo no Blog Revista Lusofonia: http://revistalusofonia.wordpress.com/2009/08/18/profetas-do-nosso-tempo/
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