sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Que magnífico exemplo!


Aqui e ali há lamentos de que muitas pessoas deixam a celebração da Eucaristia, sobretudo nas férias. E as igrejas ressentem-se dessas faltas. É certo que ainda este ano ouvi que nas praias as igrejas estavam repletas e em Fátima a mesma coisa. Mas que há muita gente a esquecer os seus deveres cristãos não há dúvidas. Por isso lembrei-me do exemplo duma jovem deficiente que foi encontrada a rastejar a caminho da Missa.


Um grupo de religiosas da congregação das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados conta-nos que no caminho para Chissano (Moçambique) viram ao longe algo que lhes meteu medo. Quando se aproximaram, constataram, para sua surpresa, que era uma jovem a rastejar.

«Pudemos estabelecer uma conversa com ela através de uma senhora que passava por ali e que nos traduziu o que ela nos relatava em dialecto changana. A Olívia, era esse o seu nome, ia para a Missa, o que fazia todos os domingos, embora fosse deficiente e tivesse de ir de rastos. Era assim que se deslocava nos 4 quilómetros de caminho da sua casa à igreja.

As religiosas conseguiram comprar-lhe uma cadeira de rodas e hoje essa jovem de 25 anos é uma das suas protegidas.

Antes de dispor da cadeira de rodas, a areia do caminho queimava-lhe o corpo, mas ainda assim ia rastejando para a eucaristia, «dando um testemunho de superação e de fé heróica».

Este testemunho da Olívia faz-nos vir à memória o que responderam alguns cristãos da Abitínia aos seus algozes que os acusavam de transgredir a lei que proibia a sua participação na Eucaristia: «nós não podemos viver sem o domingo». Provera a Deus que os cristãos de hoje ainda pudessem dizer o mesmo com verdade!

Nos nossos dias, muitos cristãos com facilidade se dispensam da participação na Missa dominical, arranjando desculpas fáceis para esta falta. Ele é o cansaço do trabalho ou a falta de meio de transporte, ou mesmo, o que é pior, a falta de sentido do mistério que se celebra.

Não admira, pois, que a vida de muitos baptizados pouco ou nada tenha a ver com o que Cristo pregou e pelo qual deu a vida. E que o nosso mundo esteja a sofrer de graves enfermidades.

É preciso sacudir as consciências para que este mundo seja salvo.

O exemplo


Observando atentamente o mun-do, verificamos que a falta de ética é uma doença grave dos nossos tempos. As fraudes, a corrupção, as imoralidades pululam assusta-doramente.

A primeira escola da ética tem de ser a família. Aí se ensina pelo exemplo, aí se aprende pelo exem-plo do comportamento dos pais e dos outros adultos.

Mas nem sempre os pais têm esse cuidado de orientar seus fi-lhos no caminho do respeito pelos direitos dos outros, crescendo num ambiente de honestidade.

Há no entanto pais com a consci-ência da sua responsabilidade, que estão atentos mesmo às pequenas coisas.

Numa tarde soalheira de sába-do, Boby Lewis levou os seus dois filhos a jogar minigolfe. Aproxi-mou-se da bilheteira e perguntou: - Quanto custa a entrada?

- Três dólares para o senhor e três para cada criança acima dos seis anos. A entrada é livre para crianças com menos de seis anos. Quantos anos têm os seus peque-nos? - disse o funcionário.

- Um tem quatro e o outro tem sete - respondeu o pai. - Devo-lhe portanto seis dólares: três meus e três do mais velho.

O rapaz da bilheteira retor-quiu:

- O senhor podia ter ganho três dólares. Porque eu não sabia a idade do mais velho.

O pai respondeu:

- Você não sabia, mas os meus garotos sabem...

Boby não quis mentir para fugir ao preço, porque os filhos, embora pequenos, dariam pela mentira e aprenderiam a enganar os outros. Tinha consciência da importância do exemplo na educação dos fi-lhos..

Tinha bem presente esta bela palavra do escritor americano Emerson: KO que você é fala tão alto que não consigo ouvir o que está a dizer!»

O testemunho dos pais-bom ou mau - fala tão alto, tão forte que abafa as palavras por mais belas que sejam...

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mais uma mãe heroina

No passado dia 16 de Junho, foi celebrado em Roma o funeral de uma jovem italiana –– Chiara Petrillo – , falecida depois de dois anos de sofrimento provocado por um tumor. Mas a cerimónia não teve nada de fúnebre: foi uma grande festa em que participaram cerca de mil pessoas, enchendo a igreja e o adro, cantando e aplaudindo desde a entrada do caixão até à saída.Esta corajosa jovem romana de 28 anos, com o sorriso sempre nos lábios, morreu porque escolheu adiar o tratamento que podia salvá-la. Ela preferiu salvar a gravidez de Francisco, um menino desejado desde o começo de seu casamento com Enrico.

Não era a primeira gravidez de Chiara. As duas anteriores acabaram com a morte dos bebés logo após cada parto, devido a graves malformações.
Chiara e seu marido Enrico nunca desanimaram. Depois de algum tempo, Chiara engravidou. As ecografias agora confirmavam a boa saúde do menino, mas, no quinto mês, Chiara foi alertada para uma grave lesão na língua: era um carcinoma. Era preciso fazer os tratamentos. E a gravidez corria perigo...
Chiara defendeu o filho sem hesitar, sabendo que corria um sério risco de vida. Foi-lhe dito que devia fazer os tratamentos. Que a doutrina da Igreja não tem nada contra uma mulher pôr em risco a vida que nela se está a gerar por causa de tratamentos que lhe são necessários. Mas Chiara não queria prejudicar o filho que trazia no ventre e adiou a quimioterapia.Francisco nasceu sadio no dia 30 de maio de 2011. Mas Chiara, não conseguiu resistir por mais de um ano.
"Coitado do filho que ficou sem mãe!" – dirão alguns. Outros pensarão: "Que grande Mulher, que não se importou de se sujeitar à morte para salvar o filho!»Para quem não tem Fé, casos como este são verdadeira loucura. Mas se Chiara perdeu a vida terrena, ganhou a vida eterna. E deixou para todos um testemunho do verdadeiro amor de mãe, que é capaz de dar a vida pelo filho. E o Francisco ser-lhe-á eternamente agradecido, tenho a certeza.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A inspiradora de Raoul Follereau



Todos os que frequentam a igreja sabem que os textos bíblicos do Novo Testamento lidos nas missas falam volta e meia na necessidade de amarmos o nosso próximo. Dizem mesmo que não é possível amar a Deus se não amarmos os irmãos.

Felizmente a nossa Igreja tem tido pessoas que levam isto muito a sério. Foi o caso daquela que hoje é conhecida por Madre Eugénia Ravásio. Nascida em 1907 em Bérgamo – Itália, filha de camponeses, depois de passar vários anos a trabalhar numa fábrica, aos 20 anos sentiu o apelo de entrar na Congregação das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos. Foi nessa mesma congregação religiosa que Eugénia Ravásio desenvolveu a sua extraordinária personalidade, tendo sido eleita Superiora Geral com apenas 28 anos de idade.Em doze anos de actividade missionária, foi responsável pela abertura de 70 centros – cada um deles com uma respectiva enfermaria, escola e igreja – nos mais remotos locais da África, da Ásia e da Europa.Foi a responsável pela descoberta do primeiro medicamento para a cura da lepra, extraído a partir de uma planta tropical. Este mesmo medicamento foi posteriormente estudado e melhor desenvolvido pelo Instituto Pasteur, em Paris.

Durante o período de 1939-41 ela mesma concebeu, definiu e executou o frutuoso projecto de uma "Cidade dos Leprosos" em Azopte (Costa do Marfim). Esta mesma "cidade" era composta por uma área de 200.000 metros quadrados na qual se cuidava, de modo particular, de todos os doentes com lepra. Foi também ela que abrigou no seu convento de França Raoul Follereau perseguido pelos nazis. que, seguindo os passos da fundação de centros promovida pela Madre Eugénia, tornou-se no grande apóstolo dos leprosos.

Em gesto de reconhecimento por estes nobres projectos, a França conferiu-lhe a Coroa Cívica, a maior honra nacional dedicada ao trabalho social, em plena Congregação das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos, da qual a Madre Eugénia foi Superiora Geral desde 1935 até 1947.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Um modo diferente de celebrar os anos


Isabel II, rainha de Inglaterra, nasceu a 21 de abril de 1926, mas o seu aniversário será celebrado oficialmente em junho, quando o clima é mais ameno. Este ano a celebração será a 16 de junho com o tradicional desfile militar. A Rainha celebra também este ano o Jubileu de Diamante de 60 anos como monarca e, segundo li, para comemorar a data vai colaborar na distribuição de Bíblias através de escolas e igrejas, ajudando o ministério "Bíblica".Aquele ministério "Bíblica" consciencializou igrejas e escolas da oportunidade de distribuir Bíblias em honra da Rainha, mas a ideia tomou grandes proporções. "O objectivo inicial era de 250.000 unidades, o que todos pensavam que era uma meta muito elevada para o Reino Unido, mas as denominações e igrejas estão muito animadas com isso. O número agora é de 450.000 unidades".

Doug Lockhart, director daquele serviço, diz que o resultado está a ser muito positivo num momento em que a frequência à igreja anglicana está em baixa no Reino Unido. Mas os jovens, segundo Doug, têm mostrado interesse no Evangelho.

"As Bíblias estão a ser entregues pessoalmente pelas igrejas e escolas. Portanto, não é apenas colocar uma Bíblia na mão de alguém, é uma experiência de pessoa a pessoa em que alguém está realmente a entregar uma Bíblia a outrém. E a esperança é que a interacção se traduza numa vida transformada".

As Bíblias serão entregues no final de maio e início de junho, e a expectativa é de distribuir até 450.000 cópias do Novo Testamento.

Achei interessante esta iniciativa num país como a Inglaterra e de mais a mais com a colaboração da figura mais emblemática daquele país.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A coragem de uma mãe

Li a história no Expresso de há dias. E procurei mais pormenores na internet. Susana Trimarco sofreu uma reviravolta há dez anos. Em 3 de abril de 2002, a sua filha, María de los Ángeles Verón, desapareceu em San Miguel de Tucumán, capital da província argentina de mesmo nome.
Marita, como era conhecida, foi sequestrada na rua quando ia ao ginecologista. Tinha 23 anos e deixou uma filha de 3. Chegou a ser vista em duas casas de prostituição da província de La Rioja, mas a polícia desconhece o seu paradeiro. Após uma notícia na rádio, alguém os contactou para dizer que tinha visto Marita num bordel. Trimarco chamou a polícia, mas quando lá chegaram a filha já lá não estava. Segundo parece, alguém tinha avisado os proxenetas.
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Foi aí que Susana Trimarco começou a perceber a teia de cumplicidades entre os que fazem tráfico de mulheres os que raptam jovens como Marita e as forçam a prostituir-se e aqueles que era suposto impedir esse tráfego.

Falando com algumas das mulheres no bordel, começou a ter ideia de uma rede. Mas para entrar lá dentro, não podia confiar em ninguém. Tinha de ser ela própria. Assim fez. Vestiu-se como uma madame, treinou-se para usar linguagem a condizer, e começou a visitar as casas de prostituição de que foi tendo conhecimento.

Desde então, Susana dedica a sua vida a combater este crime no país. Na busca pela filha, resgatou centenas de mulheres de prostíbulos.

Também criou a Fundação María de los Ángeles, que presta assistência às vítimas e ajudou a capacitar juízes, promotores e policas para lidar com o tráfico de mulheres.

Já libertou e deu guarida a cerca de 500 raparigas apanhadas nas malhas do tráfico de mulheres. Mas ainda falta encontrar a filha Marita, ou saber o que lhe aconteceu. Conforme ela diz, se eu não tenho descanso eles também não hão-de ter. E a prova disso é o julgamento de 13 homens acusados pelo desaparecimento de Marita, que neste momento já decorre. Entre os acusados contam-se vários polícias.

Em 2007 recebeu nos Estados Unidos o prémio internacional "Mulher de Coragem" e este ano é candidata ao Nobel da Paz. E merece-o!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ama enquanto é tempo!...


Alguém me enviou este comovente relato, dizendo que é real! Vale a pena ler... Transcrevo apenas o mais importante, mas oxalá não perca o vigor. «Depois de 21 anos de casado, decidi sair com outra mulher. Na realidade a ideia até foi da minha esposa. "Tu sabes que a amas", disse-me um dia. "A vida é curta e deves dedicar um tempo especial a essa mulher" completou ela. A outra mulher, a quem a minha esposa se estava a referir, era a minha mãe, viúva já há uns anos. As exigências do meu trabalho e os meus filhos faziam com que eu apenas a visitasse ocasionalmente. Nessa mesma noite eu convidei-a para jantar e ir ao cinema. "O que é que tens? Está tudo bem contigo?" – perguntou-me ela após o convite. "Pensei que seria agradável passar algum tempo só nós dois" respondi. Ela reflectiu um pouco e disse-me sorrindo : "Isso ia agradar-me muitíssimo!" Uns dias depois, eu estava a conduzir para ir buscá-la, depois do meu trabalho. E que coisa interessante... Pude notar que ela estava muito emocionada. Esperava-me à porta. Tinha feito um penteado e usava o vestido com que celebrou o seu último aniversário de casamento. "Eu disse às minhas amigas que ia sair contigo, e elas ficaram muito impressionadas..." – comentou ela enquanto subia para o carro. Fomos a um restaurante não muito elegante, mas muito acolhedor. A minha mãe agarrou-se ao meu braço como se fosse a primeira dama. Durante o jantar tivemos uma agradável conversa. Nada de extraordinário, só colocando a vida em dia. Falámos tanto que perdemos o horário do cinema. "Só sairei contigo novamente se me permitires que eu pague da próxima vez", disse a minha mãe quando a fui levar em casa. Ficou combinado. Mas daí a uns dias a minha Mãe faleceu com um enfarte fulminante. Nesse momento compreendi a importância de dizer "EU AMO-TE", e de dar aos nossos entes queridos o espaço que merecem.»                                                            

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Menina com cancro converte pessoas


Sempre me impressionou o testemunho de fé de algumas pessoas. Sobretudo quando, sujeitas a grande sofrimento e em risco de morte prematura, não esquecem que a morte é passagem para Deus.
Foi o que aconteceu há pouco tempo com uma menina de Seattle, Estados Unidos. Glória Strauss nasceu em 1996, tinha seis irmãos e levou uma vida completamente normal até aos 7 anos de idade. Era amável, alegre, carinhosa e muito piedosa. Gostava muito da oração do terço.
Numa entrevista à CatholicNewsAgency.com, seu pai Doug Strauss, recordou que no ano 2003 Glória foi atingida por uma bola no rosto e, quando a lesão desapareceu, ficou uma marca suspeita.

Os médicos diagnosticaram-lhe um cancro avançado conhecido como neuroblastoma e deram-lhe entre três meses e três anos de vida. Glória foi submetida a uma cirurgia e recebeu tratamentos de quimioterapia.
Um jornalista do "Seattle Times" interessou-se pelo caso e o seu primeiro artigo atraiu muitos leitores. O caso chegou aos meios de comunicação de todo o país, unindo milhares de pessoas numa grande cadeia de oração.O testemunho de fé daquela criança foi impressionante. Dizia que gostava de ir viver com Jesus no Céu e a única pena que tinha era ver os pais e irmãos a sofrer.
Glória faleceu com 11 anos. E o pai diz que "ela ensinou a todos a maneira de levar a cruz. Deu-nos como presente seu próprio compromisso numa relação constante com Deus através da oração. Ela sempre disse sim a Deus".
Mais de três mil pessoas assistiram a seu funeral, a família começou a receber histórias de como o testemunho de sua filha tinha mudado vidas e tem conhecimento de pelo menos dez pessoas que se converteram ao catolicismo por conhecer a história de Glória. Hoje há sempre muita gente a visitar o seu túmulo e a pedir que ela peça a Deus por isto e por aquilo.
Com a ajuda de um empresário local, a família Strauss iniciou uma organização em memória de sua filha. Chama-se "Glória’s angels" e dedica-se a assistir a famílias que têm algum membro com uma enfermidade grave.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sem ressurreição é vã a nossa fé


Razão tem S. Paulo (I Coríntios 15:13-14): «Se não há ressurreição dos mortos, então nem mesmo Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, como também é vã a vossa fé».
Há uns anos atrás, dois dos mais preeminentes ateus, Gilberto West e Lord Littleton, aproveitavam tudo para troçar dos que acreditavam na ressurreição. Eles estavam convencidos de que Cristo estava morto e tudo o que os cristãos diziam sobre a Sua ressurreição não passava de propaganda falsa.
Por fim, decidiram estudar a fundo tudo o que se referia a essa “falsidade”. Para isso – diziam – tinham de estudar profundamente duas coisas: a invenção da ressurreição e a conversão de S. Paulo.
Gilberto West propôs-se destruir a doutrina da ressurreição de Cristo. E Lord Littleton estudaria o porquê da vida de S. Paulo. E os dois puseram mãos à obra.
Passados uns tempos, reuniram-se conforme combinado, para ver os resultados de sua obra.
Lord Littleton, iniciou o assunto dizendo a West:
– A que conclusões chegou, amigo?
– Oh, – respondeu West – tenho algo maravilhoso para lhe contar. Quando comecei a estudar a ressurreição de Cristo, tratando de deixar salva a minha reputação, tive que procurar argumentos contra e a favor do assunto. O resultado foi que não encontrei qualquer razão para duvidar da falta de sanidade mental daqueles que se entregaram totalmente a pregar que tinham visto e comido com Cristo ressuscitado. E de tal modo estavam convencidos, que conseguiram converter à nova fé multidões imensas, quando tudo lhes era adverso.
Disse Lord Littleton:
– Ainda bem, West. As minhas conclusões também não são muito diferentes. Quando comecei a estudar a vida de Paulo, para desmascará-la, não consegui encontrar explicação para a sua mudança radical. Ele ia prender cristãos para, sob ameaça de morte, os obrigar a deixar a sua nova fé e afinal é ele que ouve uma voz e vê uma luz vindas do céu que mudam completamente a sua vida. Explicação humana para isto não a consigo encontrar!...
E estes dois homens concordaram que os seus estudos os convenceram de que a vida dos apóstolos de Jesus não tem explicação convincente sem a ressurreição de Cristo.
E, convertidos, tomaram-se dois dos mais notáveis cristãos. Escreveram duas lindas apologias da religião cristã, das melhores que se têm escrito.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Deus encontrou-o



Há cerca de doze anos atrás, eu estava de pé, dentro da classe, esperando enquanto meus alunos entravam para nossa primeira aula de Teologia da Fé. Aquele foi o primeiro dia em que vi Tommy. Tanto meus olhos quanto a minha mente faiscaram ao vê-lo. Ele estava a pentear os seus cabelos longos e muito loiros que batiam uns vinte centímetros abaixo dos ombros.
Tommy acabou se revelando o "ateísta de plantão" do meu curso de Teologia da Fé. Constantemente, ele fazia objecções, fazia troça ou gemia contra a possibilidade de existir um Deus-Pai que nos amasse incondicionalmente.
Convivemos em relativa paz um com o outro por um semestre, embora eu tenha que admitir que às vezes ele era um estorvo nas minhas costas.
Quando, no fim do curso, ele se aproximou para entregar o seu teste final, perguntou-e num tom ligeiramente cínico:
"O senhor acredita que eu possa encontrar Deus algum dia?"
"Não!", respondi com convicção.
"Ah! Eu pensei que este fosse o produto que o senhor estava tentando nos impingir!"
Deixei que ele desse uns cinco passos fora da sala quando gritei para ele:
"Tommy, eu não acredito que você consiga encontrar Deus, mas tenho absoluta certeza de que Ele o encontrará".
Mais tarde u soube que Tommy estava com um cancro terminal. Antes que eu pudesse ir à sua procura, ele veio-me ver. Quando ele entrou no meu escritório, reparei que oseu físico tinha sido devastado pela doença e que os cabelos longos tinham caído todos como resultado da quimioterapia. Mas os seus olhos estavam brilhantes e a sua voz estava firme, pela primeira vez na vida, acredito eu. "Tommy, tenho pensado tanto em você! Ouvi dizer que você estava doente!", disparei.
"Ah, é verdade, estou muito doente. Tenho cancro em ambos os pulmões. É uma questão de semanas agora.""O senhor lembra-se do que me disse na última aula?!"
Acenei que sim e Tommy continuou:
"Quando os médicos removeram um nódulo da minha virilha e me disseram que era um tumor maligno, aí encarei com mais seriedade a procura de Deus. E quando a doença se espalhou pelos meus órgãos vitais, eu comecei, realmente, a dar murros desesperados nas portas de bronze do paraíso. Mas Deus não apareceu. De facto, nada aconteceu. E então, desisti. Um dia, eu acordei e em vez de atirar mais alguns apelos por cima de um muro alto de tijolos atrás de onde Deus poderia ou não estar, eu desisti simplesmente. Eu decidi que de facto não iria me importar... com Deus, com uma vida eterna ou qualquer coisa parecida. E decidi gastar o tempo que me restava fazendo alguma coisa mais proveitosa. Eu pensei no senhor e nas suas aulas e eu me lembrei de outra coisa que o senhor tinha dito: A tristeza mais profunda, essencial, é passar pela vida sem amar. Mas seria quase tão triste passar pela vida e deixar este mundo sem jamais ter dito às pessoas que você amou que você as tinha amado. Então comecei pela pessoa mais difícil: meu Pai. Ele estava lendo o jornal quando me aproximei dele."Pai" ...
"Sim, o quê", perguntou sem baixar o jornal."Pai, eu gostaria de conversar consigo."
"Então converse".
"É um assunto muito importante!"
O jornal desceu alguns centímetros vagarosos. "O que é?"
"Pai, eu te amo. Eu só queria que você soubesse disso."
Sorrindo para mim, Tom disse com uma satisfação evidente, como se ele sentisse uma alegria quente e secreta fluindo dentro dele. "O jornal escorregou para o chão e o meu pai fez duas coisas que eu não me lembro de tê-lo visto fazer jamais. Ele chorou e me abraçou. E conversámos durante toda a noite, embora ele tivesse que ir trabalhar na manhã seguinte.
"Foi tão bom poder me sentir junto do meu pai, ver as suas lágrimas, sentir o seu abraço, ouvi-lo dizer que me amava. Foi mais fácil com a minha mãe e com o meu irmão mais novo. Eles choraram comigo também e nós nos abraçámos e começámos a falar coisas realmente boas uns para os outros. Eu só lamento uma coisa: que eu tivesse esperado tanto tempo para mostrar que amava a minha família".
"O senhor estava certo. Deus me encontrou, mesmo depois de eu ter parado de procurar por Ele."
"Tommy," disse eu quase soluçando, "eu acho que o que você está a dizer é alguma coisa muito mais importante e muito mais universal do que você pode imaginar. Para mim, pelo menos, você está dizendo que a maneira mais certa de se encontrar Deus, não é fazer dEle um bem pessoal, uma solução para os próprios problemas ou um consolo instantâneo em tempos difíceis, mas sim tornando-se disponível para o amor. O apóstolo João disse isto: "Deus é Amor e aquele que vive no amor vive com Deus e Deus vive com ele".
Pedi ao Tom que ele viesse a uma aula minha dar esse seu belo testemunho, mas Deus chamou-O e ele não pôde fazê-lo. Faço-o eu por ele!

sábado, 24 de março de 2012

Ciência converte ateu


O ex-ateu Antony Flew, que faleceu em 2010 aos 87 anos, era conhecido por seu activismo contra a fé. Entre os ateus, era considerado o “Papa dos ateus” e muitos estudiosos e filósofos gostam de ilustrar sua influência comparando-o a Richard Dawkins, o mais famoso ateu da actualidade, dizendo que ele foi no século XX, o que o famoso ateu inglês é hoje para os ateus: um símbolo.
Porém, em 2004, ao abandonar o ateísmo, ele se tornou o maior exemplo dos religiosos que se importam com o debate sobre fé e ciência.
Em 2007, escreveu o livro “Há um Deus”, onde afirmava a sua admiração pelo cristianismo, classificando como a religião que “mais claramente merece ser honrada e respeitada”, ressaltando também a influência do apóstolo Paulo na formação das bases conhecidas do cristianismo hoje, a quem classificava como “intelectual”.
No livro “Deus Existe”, Flew relata em parceria com Roy Abraham Yarghese que sua conversão se deu da forma mais convincente para um ateu: através da ciência. Um grande exemplo costumeiramente usado por filósofos ateus para refutar a teoria da criação, é a teoria do big-bang. Porém, para Flew, após anos de estudo e reflexão, a própria teoria do big bang era a prova do que o livro de Génesis relata.

Conhecer Jesus


Ontem como hoje há um sem-número de pessoas que desejam conhecer Jesus, como aqueles gregos do Evangelho de hoje. Na Europa e nos países de tradição cristã a grande parte das pessoas podem achar que já o conhecem suficientemente, embora isso poucas vezes seja realidade. Há muita gente que o procura apenas por interesse egoísta mas não pratica os seus mandamentos.
Muitos só procuram Jesus para obter a Sua ajuda, quando as coisas estão difíceis. São os que só querem o mel do cristianismo: curas físicas e espirituais, bênçãos materiais.
Jesus menciona muitas vezes o mandamento do amor a Deus, repetindo o que diz a Bíblia, mas dá um ênfase muito grande à obrigação de amarmos o próximo. Basta ler Mateus 25, 31-46, que nos indica como um dia seremos julgados.
Anda um texto na internet, que vale a pena ler e meditar: «Eu acho que a única religião verdadeira é a do Amor. Há muita gente que levanta as mãos para louvar, mas poucos as usam para ajudar o próximo. Há muita gente a apontar o dedo a seu irmão para o acusar, mas não é capaz de lhe dar a mão para o levantar. Muitos querem o perdão de Deus, mas não perdoam a quem os ofende. Muitos estão sempre prontos a receber, mas pouco ou nada a dar. Falam muito de Fé mas o diabo também tem fé e está no inferno, como diz a carta de S. Tiago».
Quando Filipe e André apresentam o pedido dos gregos a Jesus, Ele começa a falar na Sua morte: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.»
Isto nos dá a entender que Jesus queria que ficasse bem vincado nos seus ouvintes que conhecê-lo é pouco importante, o que importa é segui-lO, mesmo se para isso é preciso desprezar a vida deste mundo.

terça-feira, 6 de março de 2012

Deixaram-nos na miséria


Há uns pares de anos, bateu-me à porta um casal de idosos para desabafar um pouco comigo e contar as suas mágoas. Naturalmente não os vou identificar, pois isso não seria curial da minha parte. Não eram das minhas paróquias mas de um concelho vizinho.
E começaram por me dizer que tinham sido enganados, pois as suas doenças haviam-nos levado a frequentar uma seita dita cristã que há pouco tinha chegado a Portugal e era na altura muito badalada. Afinal – concluiram – as promessas de os curar não foram cumpridas e agora diziam que Deus os não curava por que não tinham fé.
«Veja, senhor padre, disseram-nos que Deus nos curava se déssemos boas ofertas para essa igreja, demos tudo quanto podíamos e agora estamos na miséria e ainda mais doentes».
Ao longo da minha vida de pároco, tive largas dezenas de pessoas com desabafos parecidos. Recorreram a bruxos, a santinhas, a espíritas, etc., mas os seus males só aumentaram.
Um dia aparece-me uma rapariga a dizer que a bruxa – depois de lá ir diversas vezes e cada vez estar pior – lhe disse que só o pároco de certa freguesia (e na altura era eu o padre dessa paróquia) a conseguiria curar. Perguntei-lhe se já tinha ido ao médico. Disse-me que até trabalhava num consultório médico, mas a família e pessoas amigas lhe haviam dito que a sua doença não era curável por médicos. Ela disse-me que por vezes perdia o juízo e até chegou a andar nua na sua aldeia.
Disse-lhe que eu também não tinha capacidade de a curar, mas que, se ela fizesse o que eu lhe iria pedir, tinha a certeza que ficaria curada.
Naturalmente uma pessoa naquelas circunstâncias não me iria dizer que não ou me pediria condições. Garantiu-me que sim, faria tudo o que eu lhe pedisse. E lá foi ao grande especialista de doenças neurológicas e psiquiátricas, o dr. Nunes Vicente (pai), que a curou. Daí a uns tempos dizia-me que estava boa, que nunca mais lhe tinha dado nenhuma crise. Só lhe custava ver as pessoas a olhar para ela como a coitadinha que até andava despida pelas ruas da terra. E a meu conselho foi viver para outro sítio, onde ninguém conhecia o caso.
Se continuasse a não ser devidamente medicada, que seria dela?!

Vendilhões do templo


O episódio do Evangelho que é lido neste 3.º Domingo da Quaresma pode mesmo escandalizar alguns mais pacifistas. Ao chegar ao Templo de Jerusalém e se deparar com a quantidade de vendedores que ali comercializavam mercadorias, Jesus toma um chicote e expulsa os vendedores daquele local sagrado.
Quem tem na sua ideia a imagem de um Jesus pacifista, que não é capaz de levantar a voz contra ninguém e muito menos actuar de alguma maneira contra quem desrespeita o sagrado, irá achar que este episódio está a mais nos evangelhos. Mas quem conheça mesmo a sério o que os evangelistas relataram sobre as palavras e acções de Jesus saberá que Jesus é compassivo com os pobres e os pecadores arrependidos, mas duro para com os hipócritas e pecadores inveterados. Ele chama aos fariseus “sepulcros caiados por fora e cheios de podridão por dentro”, “raça de víboras”, “lobos vestidos de ovelha”, etc..
E noutro passo grita: "Hipócritas! Devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo".
Se Jesus hoje viesse de novo pregar nas nossas terras, decerto seria também bastante duro contra muita gente e até contra muitos dos que se dizem pregadores do Seu evangelho. Há meio ano falei aqui da chamada teologia da prosperidade, com que muitos fundadores de novas seitas exploram e sugam o dinheiro aos pobres. Mas podia falar, e faço-o nos Testemunhos Vivos deste número de “O Amigo do Povo”, dos charlatães que usam e abusam da boa fé de tantos doentes para lhes sugar o pouco dinheiro que têm a troco de benzilhices e exorcismos.
Rezar pelos doentes é uma coisa bem diferente do que enganá-los com falsos exorcismos e benzeduras. A Igreja sempre foi contra isso como podemos ver nos relatórios das Visitações periódicas às paróquias feitas pelos Arcediagos em tempos passados.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A esmola nem sempre ajuda


Hoje apresentamos o testemunho de um homem que viveu na rua mais de 20 anos e desde 1991 ajuda os seus ex-colegas a sair desse inferno.
John Bird, é esse o seu nome, é actualmente um homem conhecido e esteve há dias no Porto a falar sobre a sua obra de regeneração das pessoas da rua. O seu esquema é simples como conta:
– Uma pessoa quer ser ajudada. Aparece. Nós treinamo-la para vender uma revista, equipamo-la com um cartão de identidade e destinamos-lhe uma área em que vai vender, por exemplo, 10 exemplares. Depois ela voltará ou não. Com o primeiro dinheiro que fez, pode comprar mais 10 ou mais exemplares a 50 cêntimos cada um, e vender depois cada unidade, por exemplo, a um euro ou como quiser.O dinheiro que apurar a mais dar-lhe-á para comprar alguma comida. E como precisam de sobreviver, vão vendendo cada vez mais revistas. Muitos desistem mas uns 40 por cento vão criando auto-estima, começam a ter cuidado com a higiene. Entram nos lugares públicos, são acarinhados aqui ou ali. E um dia conseguem arranjar um trabalho mais remunerado e passam a viver como pessoas.
Bird diz que dar dinheiro a um “sem abrigo” é prolongar o seu sofrimento e apressar-lhe a morte. É preciso que ele lute pela sua sobrevivência, se não nunca mais sai da rua.
– A esmola não ajuda, mata!
E quem diz isto sabe do que está a falar. Nasceu na Irlanda, numa família pobre e cheia de filhos. Os pais rumaram com os filhos para perto de Londres, para viverem melhor, mas a família acabou por se desmoronar. Irmãos para orfanatos. Ele, John Bird, preferiu a rua. Iniciou assim um percurso complicado, mas com uma particularidade: sempre que ia parar à cadeia vinha de lá mais instruído. Lia, escrevia e aprendeu impressão e outras coisas que lhe permitiram o sucesso com a revista que criou para os “sem abrigo”.
A sua revista vende hoje aproximadamente 250 mil exemplares em todo o Reino Unido. E muitas outras surgiram um pouco por todo o mundo. Vários milhares de pessoas "sem abrigo" têm sido resgatadas desta maneira.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Estudo sobre o aborto


1. Desde 2007 realizaram-se em Portugal mais de 80 mil abortos legais “por opção da mulher”;
2. A reincidência do aborto tem vindo a aumentar consideravelmente. Em 2010, houve 4600 repetições de aborto, das quais mil representaram duas ou mais repetições;
3. As complicações do aborto legal para a mulher têm vindo a aumentar todos os anos, registando-se mesmo uma morte em 2010 (facto que não acontecia desde 1994);
4. A intensidade do aborto é maior nas mulheres mais instruídas, com idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos;
5. Desde o primeiro ano da implementação da lei houve um aumento de 30% no número de abortos por ano (15 mil no primeiro ano e 19 mil nos últimos anos);
6. Desde os anos 80, Portugal acumula um défice de 1.200.000 nascimentos, necessários para assegurar a renovação das gerações e a sustentabilidade do País. Desde 2010 que esse gap não é compensado pela emigração.
7. Os dados do aborto fornecidos pela Direcção Geral de Saúde têm vindo a perder transparência e rigor: não há relatórios semestrais desde 2009 e a informação contida nos relatórios é menor desde 2007.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O bem mais precioso


O testemunho desta semana chega-nos através da internet, pela mão de Maria do Rosário Gomes. Em correio electrónico, esta senhora conta-nos pormenorizadamente o que se passou com ela. Segue o resumo do que me pareceu mais importante:

Há cerca de 6 anos, casou com um rapaz, depois de um namoro "pouco demorado", dado que "o amor a isso os obrigava" e os pais de um lado e doutro achavam bem.

Meio a sério meio a brincar, pôs porém uma condição: "Se não der certo, posso escolher o bem que julgue mais precioso da casa".

O namorado concordou e disse que faria ele também o mesmo, dando no entanto prioridade à mulher. Houve festa rija e os primeiros tempos foram "lindos". De vez em quando um amuo, um ralho. Mas sempre se ouviu dizer que casa não ralhada não é governada.

O pior foi quando se deram conta de que iria ser difícil terem filhos. Veio o nervosismo, as corridas para os médicos, o gasto exagerado de dinheiro. A vida em casal começou a ter problemas fortes.

A Rosário reconhece que se excedeu: os nervos sempre à flor da pele, os ciúmes, as palavras azedas; e o meu marido fartou-se. E às vezes dizia coisas que me feriam.

"Reconheci que o nosso casamento estava estragado. Por isso disse ao meu marido que era melhor acabar com tudo. Vendíamos o apartamento, fazíamos a divisão das coisas e cada um ia tratar da sua vida."

"Acabava eu de dizer isto quando o meu homem me abraçou e me confidenciou:

– Lembras-te do que foi combinado entre nós? Pois eu escolho o bem mais importante da casa. E esse bem és tu!... És minha e não me separarei de ti! A não ser que tu não queiras mesmo viver comigo...

"Chorei toda a noite! Fizemos as pazes e conseguimos juntos ultrapassar os problemas. Não temos filhos, mas sabemos que temos o maior bem – o AMOR".

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Testamento de Martín Vigil


O boletim “Bellavista” dos antigos Jesuítas de Vigo deu a conhecer o emocionante Testamento do espanhol José Luis Martín Vigil, que abandonou, há muitos anos, a Companhia de Jesus e se tornou num famoso escritor. Eis o seu teor:
«Bom, por fim morro cristão como comecei. Creio em Deus. Amo a Deus. Espero em Deus. Não perseverei na Companhia de Jesus mas não deixei de a amar e estar-lhe agradecido. Não conheço o ódio, não preciso de perdoar a ninguém. Mas sim que me perdoem quantos se sintam credores meus com razão, que serão mais dos que conservo na memória.
Amei ao próximo. Não tanto como a mim mesmo, se bem que tentei isso muitas vezes. Não farei um discurso sobre a minha passagem pela vida. Quanto há para saber de mim o sabe Deus. Quanto aos meus restos mortais, só desejo a cremação e consequente devolução das cinzas à terra, na forma mais simples e menos molesta e onerosa. Deixai-vos pois de flores, memórias ou similares. Tudo isso é lixo; só desejo orações.
Deste mundo só levo o meu traje: a minha alma. Consignado tudo o resto, agradecido a todos, desejo causar o mínimo de incómodo. Deus vos pague.»