quinta-feira, 31 de dezembro de 2009



Vamos começar um novo ano. O que passou deixou muitas sombras negras: desemprego, pobreza, fome, doenças e epidemias agravadas pelas condições de miséria e conflitos armados. E como se não bastasse, o aumento dos crimes contra pessoas e bens.
Segundo o relato dos meios de comunicação são muitas as mulheres e crianças vítimas de violência infligida por familiares.
O número de homicídios tem disparado. A violência afecta milhões de pessoas.
Amargura-nos a consciência de impotência que sentimos perante essas duras realidades. Mas o derrotismo e o pessimismo não constróem. Por isso mantenhamos a esperança de que havemos de caminhar para um mundo mais humano. Um mundo em que a guerra, o terrorismo e toda e qualquer forma de violência – física, psicológica, moral – irão perdendo terreno; em que o fosso entre ricos e pobres irá diminuindo; de que a fome, a doença e qualquer outro flagelo imposto pelo homem serão banidos; em que os mais desfavorecidos merecerão mais atenção; em que as crianças poderão ser plenamente crianças; em que virtudes como o amor, a tolerância, a fraternidade se irão impondo... E não pensemos que isto é irrealismo. A esperança cristã diz-nos que o mal não levará a melhor. Deus está connosco. Em muitos aspectos o mundo tem evoluído num sentido positivo. Basta lembrar-nos da maior sensibilidade pelos direitos humanos, a atenção maior de pessoas e instituições aos mais pequenos e indefesos.
Se quisermos, e com a ajuda de Deus que devemos pedir, este ano será melhor. Terá mais paz e amor. E isso é fundamental para que nos sintamos bem.
Que este ano seja um ano bom depende de mim e de ti, caro leitor. Sim, de cada um de nós.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

NATAL DE QUEM?




Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.
- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!
- Está bem, eu sei!
- E as garrafas de vinho?
- Já vão a caminho!
- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?
- Não sei, não sei...

Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?


Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.

- Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!
Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?


Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!


Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!!!

João Coelho dos Santos
in Lágrima do Mar
1996

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A fé faz maravilhas destas


Fernanda Serrano é uma actriz muito apreciada pelos portugueses. Por um lado a sua beleza física, por outro a sua arte de interpretar os papéis que lhe têm dado.
Porém aqui e agora, deixo de lado tudo isso e apenas vou chamar a atenção dos meus leitores para o que ultimamente os meios de comunicação noticiaram sobre ela. Nos princípios de 2008 foi-lhe detectado um cancro da mama e teve que se sujeitar a tratamentos bastante difíceis.
Mas não perdeu a esperança. Os filhos Santiago, de quatro anos, e Laura, de dois precisavam dela e era preciso lutar pela vida. Não era baptizada mas muitos amigos e alguns familiares falaram-lhe da Fé em Cristo e em Nossa senhora. E não se limitaram a falar-lhe mas oraram pela sua cura.
A actriz, de 35 anos, apegou-se a Deus e começou a preparar-se para receber o baptismo, o que aconteceu há pouco tempo. E venceu a doença. Hoje reconhece que a fé foi decisiva ao longo do processo que passou e agradece a Deus a vitória sobre o tumor.
Outro caso quero também realçar:
Pouco depois de acabar os tratamentos soube que estava grávida. Apesar de todas as indicações em contrário, a actriz foi firme no seu desejo de levar a gravidez por diante, vencendo no final o cancro e tendo dado à luz, no passado dia 8 de Junho, Maria Luísa, que acabou por ser baptizada no mesmo dia que a mãe.
Não sei se a Fernanda Serrano deu a sua voz no referendo em favor do aborto livre até às dez semanas. Mas fica aqui o seu testemunho de que lutou para que a filha concebida pudesse vir à luz do dia. E tinha todas as razões para querer o contrário: a filha podia ter sido afectada pelos tratamentos e nascer com sequelas; afinal até nem era assim tão importante deixá-la nascer, pois já tinha dois filhos.
Agora até se diz que quer adoptar mais um filho! A Fé faz maravilhas destas!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O amor não tem fronteiras


Alguém me disse: “Gostei muito daquela reportagem da TVI”.
É verdade! Pessoas como aquela americana, e muitas outras de todas as nacionalidades, fazem-nos acreditar que o amor ainda não acabou. E não foi em vão que Cristo veio ao mundo.
Uma vez, Madre Teresa de Calcutá contou que um casal novo veio até à sua casa de Calcutá trazer-lhe uma grande oferta em dinheiro.
E, perante a admiração de quem os recebeu, um deles contou:
– Casámos há dias e combinámos entre nós os dois renunciar às vestes caras e à boda no dia do nosso casamento. Trazemos-lhes aqui o dinheiro que teríamos gasto.
– Porque fizeram isso? – perguntou-lhes uma das irmãs muito admirada.
– Nós amamo-nos tanto que achámos que devíamos repartir o nosso amor com os que precisam.
Li há dias uma poesia de autor desconhecido, que muito apreciei e deixo-a aqui para os meus leitores saborearem:

A inteligência sem amor, faz-te perverso.
A justiça sem amor, faz-te implacável.
A diplomacia sem amor, faz-te hipócrita.
O êxito sem amor, faz-te arrogante.
A riqueza sem amor, faz-te avarento.
A docilidade sem amor, faz-te servil.
A pobreza sem amor, faz-te orgulhoso.
A beleza sem amor, faz-te ridículo.
A autoridade sem amor, faz-te tirano.
O trabalho sem amor, faz-te escravo.
A simplicidade sem amor, deprecia-te.
A lei sem amor, escraviza-te.
A política sem amor, deixa-te egoísta.
A vida sem AMOR... não tem sentido!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Uma “Reportagem” chocante


Vi há dias a Grande Reportagem “Filhos do Coração” de Alexandra Borges na TVI sobre a escravatura de crianças no Gana. A primeira denúncia pública dessa escravatura só aconteceu em Outubro de 2006, no The New York Times. Sharon Lafraniere assinou um artigo na 1.ª página desse jornal, depois de passar alguns meses no lago Volta, onde relatava a violência a que as crianças pescadoras estavam sujeitas e apresentou ao mundo Mark Kwadwo, um menino de 6 anos que tinha sido vendido pelos pais, juntamente com dois irmãos mais velhos (Hagar, 10 anos, e Richard, 9 anos) por menos de 30 euros.
A história destas crianças chocou o mundo e indignou particularmente Pam Cope, uma ex-cabeleireira do Neosho, uma pequena cidade americana no Missouri, Texas, que há pouco havia perdido um filho de 15 anos por morte súbita.
Pam Cope não se limitou a ler a notícia. Em menos de uma semana conseguiu angariar 3.600 dólares para financiar o resgate de 7 crianças do lago Volta. “Eu não conhecia a Pam de lado nenhum e aquela mulher depositou o dinheiro na minha conta bancária e disse-me para eu resgatar Mark e os dois irmãos e, se possível, mais 4 crianças ainda antes do Natal!”, relembra George emocionado, que ainda hoje colabora no resgate de crianças. E nas férias do Natal Pam Cope tomou um avião e foi até ao Gana.
Em 2007, também Alexandra Borges fez uma reportagem sobre os meninos-escravos e depois de voltar promoveu a campanha «Filhos do Coração» apoiada pela TVI, que permitiu angariar 100 mil euros para resgatar e pagar a educação, saúde e segurança durante 10 anos a dez crianças.
Alexandra Borges quis ir ao Gana uma segunda vez levar o dinheiro e assistir ao resgate dessas crianças. E conta: Os miúdos “adquiriram brilho no olhar, brincam, são crianças, vão à escola... Mas fico sempre com a sensação de missão não cumprida, porque ainda há tanto para fazer... E isso dói. Levei dinheiro, sei que vamos conseguir manter mais crianças livres, mas ainda falta muito. Não há missões cumpridas, apenas algumas pequenas batalhas ganhas”.