sábado, 15 de janeiro de 2011

Visitadores de presos


Lembro-me como se fosse hoje da conversa de duas jovens num transporte público. Uma mostrava a sua estranheza por a outra lhe dizer que todas as semanas ia ao hospital visitar os doentes.
– Mas é alguém da tua família?!
– Não! – dizia-lhe a outra. – São pessoas que estão hospitalizadas e que não têm visitas.
– Mas não tens mais nada que fazer?!
É esta estranheza que se apossa de algumas pessoas por verem outros a tirarem horas do seu tempo para fazerem voluntariado.
Mas felizmente nem todos pensam assim. Eu lia num jornal – “o Diário Iol” – um artigo que falava nos visitadores de presos, deste modo:
Entram na prisão por vontade própria e regressam todas as semanas. Não foram condenados por nenhum crime, mas a vida empurra-os para trás das grades. São os visitadores.
Há uma definição que gosto muito, dada por Valdeci, "o visitador é o amigo que chega depois de todos os outros se terem ido embora"», explica ao tvi24.pt Cláudia Assis Teixeira, visitadora há seis anos.
Todos os sábados, homens e mulheres dão o seu tempo a quem tem demasiado tempo nas mãos: os reclusos. Privados da liberdade, o que mais lhes custa é a ausência. Estrangeiros ou com a família a viver longe, há quem não recebe visitas de ninguém enquanto está preso.
Dentro do sistema os reclusos não têm nome, são apenas números. Para os visitadores não se aplica. «Eles sabem que para nós não são um número, são o "João", a "Rosa", e isso é fundamental», afirma Cláudia ao tvi24.pt.
São muitos milhares – jovens e adultos, homens e mulheres – e de todos os níveis culturais, as pessoas que dão algum do seu tempo aos outros. Neste Ano do Voluntariado é bom darmos conta de que nem todos se deixam levar pelo individualismo e egoísmo e sabem dar algum do seu tempo aos que precisam.

1 comentário:

Glória Silva disse...

Visitar presos é que não...
Até tinha medo deles!