terça-feira, 19 de maio de 2009

Lembrando o P.e Francisco

Faleceu há dias o Padre Francisco Antunes.
Este Homem, enquanto a saúde lho permitiu, correu meio mundo para ajudar os que precisavam. E ainda há pouco lhe apareciam pessoas a bater-lhe à porta!... Sobretudo ciganos. Pelo trabalho em favor de muitos deles, era conhecido pelo padre dos ciganos.
Em boa hora, a Gráfica de Coimbra recolheu alguns artigos que ele publicou, há anos, no jornal "O Dever" da Figueira da Foz. Todos eles têm uma marca profunda do seu coração de Bom Samaritano. E ficaram assim guardados em livro para serem alavancas a despertar-nos a todos para a acção. Não garanto que esse livrinho a que pôs o nome de ALAVANCAS ainda esteja á venda.
Mas para homenagem ao seu autor, deixo aqui um naco da sua prosa:
«Ouvi-o muitas vezes. Nunca como naquele dia! Comigo eram centenas de milhar. Talvez tu mesmo. O tema era o Samaritano da parábola, a sua paixão, os pobres.
– Passou o sacerdote. Passou o levita. Passaram todos. Só o Samaritano parou. E todos os que passaram se julgavam dinamizados pelo Amor. Só o Samaritano mereceu canonização: "Faz tu como ele!"
E o padre Américo disse, disse e disse. Da miséria em que topava a cada passo. De como se podia dizer dele ser o senhor dos Aflitos. De como era urgente cada um afligir-se pelo seu irmão caído.
– "Meus irmãos, eu não sei nada! Só sei do Pobre. E este crucificado.". E o seu apelo: "Aflige-te! Ama!", galgou as serras d' Aire. Abriu brecha em crentes. E em não crentes. E anos passados eram centenas as famílias a viver em casa decente. Horta e flores à porta. Sol, luz e ar puro. A descobrir que tinham grandeza humana e vocação a alturas.
O Padre Américo foi-se. O seu apelo continua a defender-me da tentação da inércia.»
Anda. Vem Comigo. Quem quer que sejas. Seremos alavancas. Dos feridos pela desgraça, dos conformados com a miséria, dos afeitos à injustiça, dos vencidos na esperança. Hei-de inquietar-te. Pegar-te fogo. Martelar-te: "Aflige-te! Ama!"
Regressado à Figueira, todos os dias me bate à porta a dor e a miséria em todas as escalas e tons.
É a Ivone. É o Rui. É o João. A «Legião», o «Casal Novo», o Jaime, a Conceição ... Os meus velhinhos. Os doentes. Os presos. Os ciganos ... Todos aqueles que há dois anos requisitei ao meu Bispo.
Mas a carga é demasiada. Cristo aceitou o cireneu. Eu preciso de alavancas. Sê alavanca.»

5 comentários:

Anónimo disse...

Conheci o Padre Francisco bastante bem quando foi padre em S. João do Campo.
Tive as melhores impressões dele.
Alegre, compreensivo e amigo dos pobres.
Ele estará já no Céu.
Susy Ramos

Caros Amigos disse...

Não conheci esse padre mas conheço outros porreiros, sempre prontos a ajudar.
Em contraste com outros que só pensam neles.

Anónimo disse...

Pe. Francisco. Homem pequenino mas de alma gigante. Duma interioridade impressionante!
Recordo-o. Foi para a casa do Pai para receber a devida Herança.
Francisco F.

Ver para crer disse...

Amigos:
Estou de acordo com as vossas palavras. O padre Francisco parece que nem tinha pecado original.

joaquim disse...

Não o conheci, mas pelo pouco que aqui li, percebo o que dele dizem e sentem.

Pode não estar nos altares, mas está com certeza junto de Deus pedindo por nós, pobres de tudo, mesmo aqueles que são ricos de bens.

Abraço amigo em Cristo