quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Acompanhando os ex-leprosos


Desde pequeno ouvi falar nas Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo que tinham por missão servir e acompanhar os doentes de lepra no Hospital Rovisco Pais da Tocha. Nascida como Comunidade de serviço aos pobres em 29 de Novembro de 1633, pela mão de São Vicente Paulo e de Santa Luísa de Marillac, esta Instituição religiosa foi chamada a tratar os portadores daquela horrível doença no referido Hospital desde a sua construção. Foram elas que lavaram e limparam tudo para a sua inauguração em Setembro de 1947. Estão lá desde 3 de Maio de 1947.
Actualmente os leprosos são tratados em hospitais comuns, mas alguns dos antigos doentes que por lá foram ficando, por não terem para onde ir, continuam a ser acompanhados por três Irmãs Filhas da caridade. Actualmente são 19 pessoas de ambos os sexos que lá continuam a viver.
Esta Congregação Religiosa continua assim a “estar” com estas pessoas sem família e a dar-lhes apoio.
Como todos sabemos, a lepra foi um flagelo que afligiu os povos desde tempos imemoriais. Em 1930, o Governo nomeia uma comissão para estudar os assuntos relacionados com esta doença. Analisado o relatório da dita Comissão, torna-se evidente que é preciso acudir a esse flagelo. E um dos que o tomou em mãos foi o Dr. Bissaia Barreto.
Em 1940, começa a construção da que foi a maior obra assistencial do País e, em Setembro de 1947, é inaugurado o Hospital Rovisco Pais. Em 1951 atinge o auge com 901 doentes.
Foi o Professor Bissaya Barreto que pediu à Provincial de então, Irmã Maria de Lurdes Sousa Prego, Irmãs para tratarem estes doentes atingidos duramente pela Lepra. Chegaram a trabalhar, neste hospital, simultaneamente, 25 Irmãs porque elas tinham que assegurar o cuidado de todos os doentes.
Também ali abriu uma creche e um preventório, para filhos dos doentes, que ficou também ao cuidado das Irmãs. Desde 1947 a 2005 trabalharam neste Hospital 122 Irmãs.
E na década de 90, o Hospital Rovisco Pais foi reconvertido em Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro.
Como já dissemos, hoje ainda ali permanecem três Irmãs fazendo companhia aos doentes, que, após a sua doença, não encontraram lugar nas suas famílias. Com eles trabalham, com eles rezam, com eles sofrem, com eles vão às consultas, quando é necessário, com eles sonham com um mundo mais humano e fraterno.
Este “Testemunho” pretende ser também uma homenagem a todas as Irmãs que aqui testemunharam a Caridade.
Contacto:
Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo
Hospital Rovisco Pais 3060-908 Tocha

5 comentários:

Caros Amigos disse...

Mais um belo exemplo de amor!
Orgulho-me em pertencer à Igreja Católica, pois quem se pode gabar de ter pessoas assim é porque é mesmo de Deus.

Joaquim Costa disse...

Parabéns, Irmãs Filhas da Caridade.
O nome assenta-vos como uma luva!...

Anónimo disse...

Este apontamento, caro P. Manuel, enche-me de recordações, antigas e novas:
Fui à Tocha tinha eu uns 13 anos quando estava na F. Foz, de que ainda guado uma, embora vaga, recordação; foi nas Filhas da Caridade que a m. esposa tirou o curso e trabalhou largos anos e os meus filhos estiveram na creche e escola; dos meus netos está uma e esteve outro na F. Bissaia Barreto e o pai foi para lá trabalhar.
Um abraço do
FF.

Ver para crer disse...

Agradeço a todos os vossos comentários. Mas permitam-me que saúde especialmente o FF.
Sei que mudou de paróquia mas não sei qual é o seu campo de trabalho agora.
Dê um beijo meu à sua estimada esposa. Não sabia que tinha essa ligação às Filhas da Caridade.
Um abraço fraterno para todos vós.
Como diz o Caros Amigos, e o Joaquim Costa decerto corrobora,é um orgulho saber que a nossa Igreja tem tais filhos.
Afinal,o trigo está também à vista de todos.

Filipa Mendes disse...

Sinto mágoa pelo pecado mas grande vaidade por ver estes exemplos na nossa Igreja.
Parabéns ao autor deste blog.