terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Morreu com os pobres


Há pessoas que ao morrer deixam uma auréola enorme de santidade. É o caso de Zilda Arns que dedicou a sua vida a ajudar os mais pobres. Chegou a pensar em dar aulas, mas migrou para a Medicina e, desde sempre, para o trabalho voluntário.
“Em 1983”, lembra Zilda, “James Grant, na época director-executivo do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), propôs ao meu irmão, Dom Paulo Evaristo Arns (hoje cardeal-arcebispo emérito de São Paulo), que a Igreja Católica contribuísse para a diminuição da mortalidade infantil pela difusão do soro caseiro. Dom Paulo telefonou-me e propôs que eu escrevesse um projecto para apresentar à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.” Estava nascendo a Pastoral da Criança.
O trabalho como médica pediatra e de Saúde Pública (formou-se em 1959) deu-lhe experiência. “Desde muito jovem eu sonhava em trabalhar como missionária para poder ajudar crianças e famílias pobres a ter mais oportunidades e melhor qualidade de vida. Quando decidi ser médica, pensava em ir para lugares como as comunidades ribeirinhas da Amazónia e as favelas do Rio de Janeiro, para cuidar de crianças”.
Este sonho realizou-o largamente dedicando-se inteiramente à Pastoral da Criança. No ano passado, esta Pastoral acompanhou de perto 100 mil gestantes e 1,9 milhão de crianças pobres menores de seis anos. Foram, no total, 1,465 milhão de famílias acompanhadas em 42.672 comunidades, espalhadas por 4.120 municípios de todo o país. Quem faz esse trabalho é um exército de 272.373 voluntários, sendo 149.691 líderes comunitários, na grande maioria (mais de 90%) mulheres.
Em 2004, a doutora Zilda passou a coordenar também a Pastoral da Pessoa Idosa, criada naquele ano. São 6.500 voluntários em 276 municípios, que acompanham mensalmente mais de 36 mil idosos. No ano passado, ela foi indicada para o Prémio Nobel da Paz. E bem o merecia!
No passado dia 12 estava em serviço no Haiti e morreu, vítima do sismo, acompanhada de muitas outras pessoas pobres a quem queria também ajudar.
Que belo exemplo de dedicação esta Mulher nos dá a todos!

6 comentários:

Caros Amigos disse...

Mais uma Católica de excepção a Dona Zilda. Tenho orgulho de pertencer a uma Igreja com pessoas assim!...

Anónimo disse...

Sim, é verdade, mas parece que é preciso morrer, como o grão de trigo, para se conhecerem os frutos.
Ainda hoje se perguntava: Que é da Igreja de Haiti?: o Bispo morreu, os seminaristas também, o Vigário Geral também!. Mas os media não dão essas notícias. Quantos milhares de pessoas se entregam e trabalham sem serem notícia! Mas, diga-se a verdade, não é para serem notícia que trabalham. Trabalham para o bem dos seus semelhantes.
FF

Em contra-corrente disse...

FF:
A Igreja do Haiti é o que forem os seus membros.
E estas provações acabam por fortalecer ainda mais a fé na vida das pessoas.

Anónimo disse...

Tenho orgulho de ser brasileiro pela Dona Zilda. Ela foi um mulherão, verdade?!

Anónimo disse...

Tenho orgulho de ser brasileiro pela Dona Zilda. Ela foi um mulherão, verdade?!

Amélia Rosado disse...

É de pessoas assim que o mundo precisa. Dinâmicas e amigas de ajudar os mais pobres.
Que o Senhor nos dê muitas almas que se sacrifiquem pelos outros.