quinta-feira, 16 de abril de 2009

Belo e emocionante

Há dias tive uma conversa com uma senhora que trabalha em Oncologia e que me referiu a dificuldade de lidar com os dramas de tanta gente.
Por sorte alguém me enviou por mail o relato que um médico faz da sua relação com uma criança vítima de cancro.

Ele começa por referir que ao princípio não ligava demasiado ao sofrimento dos seus doentes, mesmo crianças. Mas com o nascimento da sua primeira filha, tudo começou a ser diferente. E se fosse a sua filha?!

Um dia foi ali internada uma menina de 11 anos. E o médico conta:
«Tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injecções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapia e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira e com uma lágrima nos olhos dizia:

– Faça, tia, é preciso para eu ficar boa.

Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.

Meu anjo respondeu:

– Às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondida nos corredores.

Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eunão tenho medo de morrer!
Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nas séries e filmes, indaguei:

– E o que representa a morte para ti, minha querida?

– Olhe, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama dos nossos pais e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama, não é?

Lembrei que minhas filhas, na época com 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exactamente assim.

– É isso mesmo, e então?

– Vou explicar o que acontece, continuou ela. – Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?

– É isso mesmo querida, você é muito esperta!

– Olhe, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai do Céu vem me buscar. Vou acordar no Céu, na casa d’Ele!

4 comentários:

Em contra-corrente disse...

Que grande sabedoria a desta menina!
Fez-me meditar que não devemos temer a morte.

Fá menor disse...

Belo e emocionante... Sim!

Anónimo disse...

O que a verdade e simplicidade das crianças nos ensina!
FF.

Anónimo disse...

Esta criança está certa. Uma boa comparação. É isso mesmo.