quinta-feira, 1 de março de 2012

A esmola nem sempre ajuda


Hoje apresentamos o testemunho de um homem que viveu na rua mais de 20 anos e desde 1991 ajuda os seus ex-colegas a sair desse inferno.
John Bird, é esse o seu nome, é actualmente um homem conhecido e esteve há dias no Porto a falar sobre a sua obra de regeneração das pessoas da rua. O seu esquema é simples como conta:
– Uma pessoa quer ser ajudada. Aparece. Nós treinamo-la para vender uma revista, equipamo-la com um cartão de identidade e destinamos-lhe uma área em que vai vender, por exemplo, 10 exemplares. Depois ela voltará ou não. Com o primeiro dinheiro que fez, pode comprar mais 10 ou mais exemplares a 50 cêntimos cada um, e vender depois cada unidade, por exemplo, a um euro ou como quiser.O dinheiro que apurar a mais dar-lhe-á para comprar alguma comida. E como precisam de sobreviver, vão vendendo cada vez mais revistas. Muitos desistem mas uns 40 por cento vão criando auto-estima, começam a ter cuidado com a higiene. Entram nos lugares públicos, são acarinhados aqui ou ali. E um dia conseguem arranjar um trabalho mais remunerado e passam a viver como pessoas.
Bird diz que dar dinheiro a um “sem abrigo” é prolongar o seu sofrimento e apressar-lhe a morte. É preciso que ele lute pela sua sobrevivência, se não nunca mais sai da rua.
– A esmola não ajuda, mata!
E quem diz isto sabe do que está a falar. Nasceu na Irlanda, numa família pobre e cheia de filhos. Os pais rumaram com os filhos para perto de Londres, para viverem melhor, mas a família acabou por se desmoronar. Irmãos para orfanatos. Ele, John Bird, preferiu a rua. Iniciou assim um percurso complicado, mas com uma particularidade: sempre que ia parar à cadeia vinha de lá mais instruído. Lia, escrevia e aprendeu impressão e outras coisas que lhe permitiram o sucesso com a revista que criou para os “sem abrigo”.
A sua revista vende hoje aproximadamente 250 mil exemplares em todo o Reino Unido. E muitas outras surgiram um pouco por todo o mundo. Vários milhares de pessoas "sem abrigo" têm sido resgatadas desta maneira.

Sem comentários: