sábado, 27 de novembro de 2010

À espera do Salvador


Nos tempos que correm alguns leitores podem ver neste título um apelo a que apareça quem nos salve desta crise. Mas não é disso que se trata. Cristo prometeu que havia de vir de novo para nos salvar e é essa espera que a Igreja celebra todos os anos nas quatro semanas antes do Natal.
A Igreja chama a esse tempo Advento e durante ele devemo-nos preparar para prestar contas a Deus após a nossa morte e para celebrar bem o Natal de Jesus. Sim, porque queremos que Jesus venha ao nosso mundo. Que Ele nasça na nossa vida e na vida dos nossos contemporâneos.
«Mais que o vigia pela aurora, mais que a terra pelo sol nascente, mais que a flor pelo orvalho, nós o esperamos» – escreve o salmista.
Nos tempos antigos foi esperado por Israel, o Povo eleito. Espera ansiosa porque Deus o prometera a Abraão, aos Patriarcas, a Moisés, a David, aos Profetas. Nos momentos de alegria, Israel esperou; e esperou também nos momentos de trevas e de dor! É esta espera comovente, insistente, teimosa, que a Igreja celebra e revive no Advento!
Mas o Salvador que Deus nos enviou foi também esperado pelos pagãos, por todos os povos! É algo que nem sempre temos presente e, no entanto, é um aspecto importante do Advento: os pagãos desejaram o Salvador! Como pode ser isso? É verdade: eles não conheciam as promessas de Deus; eles não conheciam o Deus verdadeiro; eles não sabiam nada a respeito do Messias... Mas eles tinham e têm ainda no coração um desejo louco de paz, uma sede insaciável de verdade, de vida, de amor... sede que Deus mesmo colocou nos seus corações para que sem saberem, às apalpadelas, buscassem Aquele único que pode dar repouso ao coração humano. É isso que Mateus quer dizer quando nos conta a visita dos magos: eles vêm de longe, seguindo a estrela do Menino, eles esperavam e agora o procuram: "Vimos a sua estrela e viemos adorá-lo!" (Mt 2,2)! Esses Magos representam os pagãos todos, todos os povos, todos os homens e mulheres de boa vontade que, seguindo sua consciência, sem saber, procuram o Salvador. Pensemos em tantos sábios das várias culturas: Buda, Confúcio, Maomé e tantos, tantos outros, tão numerosos que somente Deus pode contá-los... Todos esperaram Aquele que é a verdade, a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo! E hoje continua a haver muita gente de todas as raças e culturas que O espera. Que Ele venha para todos!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Irmãs Adoradoras ajudam prostitutas


A fundadora das Irmãs Adoradoras do Santíssimo Sacramento foi Micaela de Castillo, oriunda da alta sociedade madrilena do início do século XIX. Tendo descoberto os problemas sociais que vitimavam as mulheres, depois de um encontro casual com uma jovem no Hospital de São João de Deus, em Madrid, acabou por descobrir o rosto de Jesus que sofre nessas mulheres e que continua, na Eucaristia, a dar a vida por elas. Micaela, canonizada há mais de 70 anos, abriu, em 1845, a primeira casa para acolher jovens mulheres caídas na prostiuição que pretendessem enveredar por um projecto de vida diferente. Com a consolidação da obra, surgem, em 1856, as Irmãs Adoradoras.
Em Portugal, como noutros países, a Congregação das Irmãs Adoradoras conta com várias casas de acolhimento de prostitutas, mães solteiras, toxicodependentes, adolescentes em risco, mulheres vítimas de maus-tratos e de tráfico de seres humanos. Em Coimbra, já tiveram a Casa de Nossa Senhora da Paz com esta mesma finalidade, mas actualmente dedicam-se exclusivamente às vítimas da prostituição com o projecto ERGUE-TE. Para poder levar a cabo esta resposta social, contam com 2 técnicos contratados e mais 10 pessoas que prestam um serviço voluntário. População alvo da Equipa de Intervenção Social ERGUE-TE: Mulheres que se prostituem e seus agregados familiares.
Actividades:
Facilitar o encontro com a mulher no seu contexto prostitucional e familiar, com o objectivo de lhe oferecer informação, apoio e alternativas à sua situação;
Para isso a Equipa desenvolve duas grandes acções, distintas mas complementares: na Sede da Equipa/Gabinete de Atendimento e em Giros no exterior, efectuados com recurso a uma Unidade Móvel adaptada para o efeito. O gabinete de atendimento funciona diariamente e proporciona acompanhamento social, psicológico, aconselhamento jurídico, encaminhamento para o Serviço Nacional de Saúde, fornecimento de material de informação e prevenção de IST's, orientação para formação e inserção laboral, entre outros. Os giros no exterior são diários e realizam-se nas ruas da cidade de Coimbra, estradas dos concelhos do distrito, bares, pensões e apartamentos, conotados com a prática da prostituição.
A Equipa de Intervenção Social ERGUE-TE tem celebrado um acordo de Cooperação com o Centro Distrital da Segurança Social de Coimbra, que financia 80% da resposta social. Assim, carece de uma percentagem (20%) de financiamento que é conseguida através de donativos (NIB: 0035 0255 0023 9155 5300 8). Contactos Sede da Equipa/Gabinete de Atendimento: Avenida Fernão de Magalhães, n.º 136, 3º-Z (Edifício Azul), 3000-171 Coimbra, Portugal Tel: 239 820 090 Fax: 239 821 202 Telem: 917 099 202 ou 927 108 274. E-mail: equipa.erguete@gmail.com.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Acompanhando os ex-leprosos


Desde pequeno ouvi falar nas Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo que tinham por missão servir e acompanhar os doentes de lepra no Hospital Rovisco Pais da Tocha. Nascida como Comunidade de serviço aos pobres em 29 de Novembro de 1633, pela mão de São Vicente Paulo e de Santa Luísa de Marillac, esta Instituição religiosa foi chamada a tratar os portadores daquela horrível doença no referido Hospital desde a sua construção. Foram elas que lavaram e limparam tudo para a sua inauguração em Setembro de 1947. Estão lá desde 3 de Maio de 1947.
Actualmente os leprosos são tratados em hospitais comuns, mas alguns dos antigos doentes que por lá foram ficando, por não terem para onde ir, continuam a ser acompanhados por três Irmãs Filhas da caridade. Actualmente são 19 pessoas de ambos os sexos que lá continuam a viver.
Esta Congregação Religiosa continua assim a “estar” com estas pessoas sem família e a dar-lhes apoio.
Como todos sabemos, a lepra foi um flagelo que afligiu os povos desde tempos imemoriais. Em 1930, o Governo nomeia uma comissão para estudar os assuntos relacionados com esta doença. Analisado o relatório da dita Comissão, torna-se evidente que é preciso acudir a esse flagelo. E um dos que o tomou em mãos foi o Dr. Bissaia Barreto.
Em 1940, começa a construção da que foi a maior obra assistencial do País e, em Setembro de 1947, é inaugurado o Hospital Rovisco Pais. Em 1951 atinge o auge com 901 doentes.
Foi o Professor Bissaya Barreto que pediu à Provincial de então, Irmã Maria de Lurdes Sousa Prego, Irmãs para tratarem estes doentes atingidos duramente pela Lepra. Chegaram a trabalhar, neste hospital, simultaneamente, 25 Irmãs porque elas tinham que assegurar o cuidado de todos os doentes.
Também ali abriu uma creche e um preventório, para filhos dos doentes, que ficou também ao cuidado das Irmãs. Desde 1947 a 2005 trabalharam neste Hospital 122 Irmãs.
E na década de 90, o Hospital Rovisco Pais foi reconvertido em Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro.
Como já dissemos, hoje ainda ali permanecem três Irmãs fazendo companhia aos doentes, que, após a sua doença, não encontraram lugar nas suas famílias. Com eles trabalham, com eles rezam, com eles sofrem, com eles vão às consultas, quando é necessário, com eles sonham com um mundo mais humano e fraterno.
Este “Testemunho” pretende ser também uma homenagem a todas as Irmãs que aqui testemunharam a Caridade.
Contacto:
Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo
Hospital Rovisco Pais 3060-908 Tocha