quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Casa do Gaiato


Uma das Instituições mais queridas de Coimbra é, sem dúvida, a Casa do Gaiato, fundada pelo saudoso padre Américo. O objectivo duma Instituição como esta é acolher os miúdos sem apoio familiar capaz e prepará-los para os lançar na vida. E felizmente quase sempre o consegue fazer com êxito. Há antigos gaiatos que são doutores, engenheiros, professores e até juizes. Muitos outros têm bons empregos, onde são considerados por colegas e patrões.
A primeira casa da obra do Pai Américo encontra-se em Miranda do Corvo, na localidade de Bujos, e foi fundada em 07 de Janeiro de 1940. E foi a partir desta primeira casa aberta com 3 rapazes, que posteriormente se disseminou pelo País, por Angola e Moçambique aquela que é uma das maiores obras de solidariedade social nacional. A Obra da Rua tem casas em Miranda do Corvo, Paço de Sousa – Porto, Santo Antão do Tojal, actualmente a cargo da Diocese de Lisboa, Beire – Paredes, Setúbal, Benguela e Malange – Angola e Maputo – Moçambique.
Ainda há pouco a casa de Miranda acolhia cerca de cem miúdos, alguns ainda bem pequenos. É uma casa aberta, não usa grades e portões fechados, onde cada um tem a sua tarefa a cumprir. Os mais velhos orientam os mais novos. Aqui não há a mãezinha que faz tudo, enquanto os meninos brincam ou andam na rua. São os rapazes que fazem as tarefas que lhe estão distribuídas. Tratam de fazer as camas e limpar a casa, de vestir e calçar os mais novos e de os orientar. E não se pense que se descuidam os deveres escolares. A aposta da Obra é que todos estudem e tirem cursos. É desde há muito conhecida e louvada esta pedagogia inventada pelo fundador: a "Obra de Rua" é uma obra de rapazes, para rapazes e por rapazes.
A finalidade de cada Casa do Gaiato é acolher, educar e integrar na sociedade crianças e jovens que, por qualquer motivo, se viram privados de meio familiar normal. No dizer do fundador, P. Américo Monteiro de Aguiar, " somos a família para os que não têm família".
São Instituições totalmente particulares vivendo dia a dia o risco evangélico da solidariedade humana. Aceita Voluntariado a tempo inteiro e também a tempo parcial. Neste caso pede-se que sejam pessoas totalmente disponíveis para as crianças e jovens, com sentido de maternidade e paternidade.
Contacto: Casa do Gaiato – Bujos 3220-034 Miranda do Corvo; Tel. 239532125; gaiatomiranda@sapo.pt.

sábado, 18 de setembro de 2010

Criaditas dos Pobres


Uma das instituições de ajuda aos carenciados mais conhecidas em Coimbra é a Cozinha Económica. Actualmente serve uma média de 500 refeições por dia a quem a ela recorre. A muitos dos utentes completamente de graça, dada a sua situação de pobreza. Esta Instituição está instalada num edifício antigo, no Terreiro do Mendonça, n.º 7, um largo na Baixa de Coimbra.
Foi fundada nesta cidade no ano de 1933 por pessoas ligadas à Igreja, e pouco tempo depois entregue aos cuidados das Criaditas dos Pobres que lhe têm dado o melhor do seu carinho.
Este Instituto tinha nascido em Coimbra já em 01 de Novembro de 1924, pela mão da Irmã Maria Carolina Sousa Gomes e dedicava-se a acudir à pobreza daquela época.
Mas não se pense que as preocupações das Criaditas dos Pobres se ficam por dar de comer a quem tem fome. Já não seria pouco, mas elas desenvolvem um trabalho muito mais amplo, acompanhando muitas famílias que vivem situações de pobreza. E para além da “Cozinha Económica”, são também responsáveis pelo Centro de Dia que funciona nas mesmas instalações e que tem actualmente 65 idosos, sobretudo da zona da Baixa onde há grandes bolsas de pobreza, com grandes problemas a nível habitacional.
Para além de Coimbra, têm uma Comunidade a trabalhar em Aveiro, outra em Portalegre, mais outra no Rabo do Peixe dos Açores. E em 2007 três Irmãs fundaram uma Comunidade na Chapadinha, no Nordeste brasileiro, para acudir a uma das zonas mais pobres do Brasil.
A Irmã Maria de Fátima disse-nos que são actualmente 30 Irmãzinhas. E em Coimbra têm duas moças em estudo de vocação.
“Os problemas mais prementes que sentimos – diz-nos a mesma Irmã – são os que se relacionam com as dificuldades por que passam as Famílias de poucos recursos, nestes tempos que, como todos sabemos, não são fáceis. Pela nossa parte, embora não percamos a Esperança e saibamos a Quem nos confiámos, sentimos a necessidade de "sangue novo", – de mais gente nova – para que esta Missão, que nos foi entregue, encontre mais corações prontos a amar Jesus nos mais pobres, ao jeito de criadita”.
“Tendo escutado o apelo de Deus, é preciso, antes de mais, que se disponha, com alegria e generosidade, a seguir Jesus, e a servir o Seu Reino com toda a simplicidade, anunciando-O aos Pobres. Depois, em qualquer uma das Comunidades, poderá encontrar alguma irmã que lhe dê as informações que necessite”.
Deixamos aqui os contactos: Criaditas dos Pobres – Rua da Ilha, 12 – 3000-214 Coimbra;
Telefones 239823932 e 239826040; email criaditascoimbra@sapo.pt.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Que espera da Igreja?


Conhecer o mundo onde se insere para melhor lhe poder responder é a intenção da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) ao encomendar à Universidade Católica uma sondagem de opinião aberta a todos os cidadãos, independentemente da religião que professem.
De acordo com o porta-voz da CEP, a sondagem "pretende saber os valores, aspirações, dificuldades e as expectativas da sociedade portuguesa". A Igreja quer "ser realista, sempre mais realista, ver o mundo onde se situa, a sociedade que a envolve, para às suas perguntas responder o melhor que sabe e pode" sustentou o padre Manuel Morujão.
Os bispos sabem que o mundo mudou nestes últimos anos e que o pensar das pessoas hoje já não é o de há cinco ou 10 anos, e é preciso estar atento a essas mudanças para lhes dar resposta.
Se é verdade que a igreja continua a ser uma instituição muito importante para grande parte dos portugueses - segundo uma recente sondagem da Intercampus para a TVI, só 6% da população a classifica de nada importante – há que estar atento, pois essa importância que lhe é reconhecida pode já ter poucas referências evangélicas.
Um exemplo apenas. O fim primeiro da igreja é a salvação do homem todo e de todos os homens. Se grande parte das pessoas esperar da igreja apenas que ajude os mais pobres a mitigar a sua penúria, ou os mais novos a não se deixarem envolver na marginalidade, está a truncar a sua verdadeira missão. A Igreja não é só para os pobres ou para os mais novos, ela deve atingir todas as classes e todas as faixas etárias. E deve levar as pessoas a uma salvação, que começa neste mundo mas que continua para além dele.
Saber, preto no branco, o que é que os portugueses esperam da Igreja é meio caminho andado para definir bons programas de pastoral. No fundo é dar cumprimento à palavra que ouvimos de Cristo: “O bom pastor conhece as suas ovelhas”.
Parabéns, pois, aos nossos Pastores Bispos por esta louvável iniciativa.

sábado, 11 de setembro de 2010

A Igreja tem muita gente a ajudar


Corria acesa a campanha eleitoral na Bélgica. Um deputado da extrema-esquerda dirigia a palavra a mi-lhares de operários, em Bruxelas. Depois de ter apregoado a liberdade, criticado o capital, defen-dido as nacionalizações, elogiado os trabalhadores, exaltado o povo, atacou duma maneira agreste e desenfreada a Igreja Católica.
Acabado o discurso, perguntou se alguém desejava tomar a palavra. Adiantou-se um operário que disse assim:
– Eu não estudei, e não sei responder ao que disse o orador. Conto apenas um caso:
Há meses adoeceram os meus dois filhos. Uma freira vinha com frequência visitá-los, trazendo-lhes sempre alguma ajuda. As crian-ças curaram-se. Como a doença era contagiosa, a minha mulher caiu de cama, logo a seguir, com o mesmo mal. A Irmã levou as duas crianças porque ninguém em casa podia tratar delas. To-mou também sobre si o cuidado da minha mulher, que finalmente começou a levantar-se. Então caí doente também eu, mas a Irmã vinha sempre visitar-nos, trazia remédios, ajudava a minha mu-lher na vida da casa e tratava-me com muito jeito e caridade. Por último a Irmã contraiu o mesmo mal e não a tornámos mais a ver. Soube hoje que morreu. Não te-nho mais a dizer (Mensageiro do Coração de Jesus, de Itália, 1951, pág. 390).
A impressão causada por es-tas palavras não se descreve. A palavra humilde e sincera daquele operário valeu mais que todos os argumentos.
Disse Jesus: «Conhecerão to-dos que sois meus discípulos se tiverdes caridade uns para com os outros» (Jo 13, 35). E o após-tolo São João: «Filhinhos, não amemos de palavra e com a lín-gua, mas por obra e de verdade (1 Jo 3, 1f3). Foi este o exemplo dado pela boa Irmã.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Interior discriminado


Lemos no “Jornal de Notícias”: «Os fundos comunitários desviados das regiões mais pobres para Lisboa já ultrapassam 154 milhões de euros, o suficiente para construir três centros materno-infantis no Porto. Foi um aumento de seis milhões em meio ano, tendo o ritmo de aprovações abrandado. A quantia dada às regiões mais pobres de Portugal, mas que será investida em Lisboa ao abrigo das excepções às regras dos fundos comunitários, continua a subir. Em Junho deste ano, os fundos comunitários destinados ao Norte, Centro e Alentejo, e que serão contabilizados como se lá tivessem sido gastos mas que, na realidade, serão investidos na capital, ultrapassavam 154 milhões de euros, contra 148 milhões em Dezembro do ano passado.»
Lemos e ficamos abismados. Então Lisboa – a região mais rica de Portugal – ainda “come” o pouco que é dado ao interior? E dizem os governantes que querem ajudar as regiões mais pobres!...
Assim compreendemos que muita gente abandone estas terras e vá morar para Lisboa. Só lá ficam os idosos. E quem vai tratar deles?!
Há tempos a ministra da Educação anunciou que vão ser encerradas mais 700 escolas primárias com menos de 20 alunos. Com mais este lote de encerra-mentos, passam a ser 3.200 as escolas primárias encerra-das nos últimos cinco anos de governo socialista. É mais uma machadada nestas terras do interior. Suprimiram-se carreiras para as aldeias, porque não eram lu-crativas; fecharam-se centros de saúde, maternidades, ur-gências, tribunais, entre muitos outros serviços. Há quem diga que a maior parte do país caminha para o encerramento. E depois queixam-se que os campos ficam por amanhar e as matas por limpar, com os consequentes incêndios.
Por outro lado, nas cidades há cada vez mais bairros problemáticos. Cresce o número de habitantes e dispara o crime. “Muita gente junta não se salva” diz o povo e com razão. Esta política, que não é só deste governo, vai pagar-se cara. Mas quem vai conseguir inverter isto?