quinta-feira, 22 de julho de 2010

Padres gostam da Internet


Como tive ocasião de dizer na altura, o Papa na sua mensagem para a Igreja Católica no Dia Mundial das Comunicações Sociais incitou os padres a aproveitar ao máximo os novos meios de comunicação. "Os padres são assim desafiados a proclamar o evangelho empregando as últimas gerações de recursos audiovisuais – imagens, vídeos, atributos animados, blogs, sites – que juntamente com os meios tradicionais podem abrir novas visões para o diálogo, evangelização e catequização", escreveu Bento XVI.
Ora segundo um estudo internacional, a que responderam cinco mil sacerdotes, os padres portugueses são os que têm uma visão mais positiva sobre o uso da Internet, considerando que esta poderá ser útil ou mesmo muito útil. Para a maioria dos padres nacionais “as novas tecnologias permitem a inculturação da fé no mundo de hoje”. Três quartos dos sacerdotes afirmam que as tecnologias permitem uma melhor evangelização dos jovens e assumem muita relevância junto da população em geral. Também nesta matéria, os sacerdotes nacionais são mais optimistas do que os seus colegas e acedem mais à internet do que eles – 95,5% fazem-no todos os dias.
Estes resultados constam de um estudo divulgado pela Agência Ecclesia, que foi realizado pela New Media in Education, pela Universidade da Suíça italiana e pela Universidade Santa Cruz de Roma, junto de padres católicos em todo o mundo.
Os resultados mostram que 78,6 por cento dos padres portugueses têm uma visão muito positiva da Internet, sendo que destes 47.1 por cento a considera útil ou muito útil. No que se refere à relação oportunidades/perigos 64,1 por cento dos sacerdotes nacionais discorda da afirmação de que «os perigos são maiores que as oportunidades», enquanto que no resto do mundo esse valor é de 38,2 por cento.
No que se refere ao acesso à Internet, em Portugal 95,5 dos padres que usam esta tecnologia fazem-no diariamente, estando a média mundial nos 94,7 por cento.
A maioria dos sacerdotes procura material para suas homilias e sermões (61,5% ao menos uma vez por semana).

terça-feira, 13 de julho de 2010

Jovens que partem


Nos últimos anos tem vindo a aumentar o número de jovens portugueses que partem para países lusófonos, oferecendo o seu tempo de férias ao serviço de projectos de voluntariado missionário, que ajudam algumas das populações mais pobres do mundo. Este despertar da consciência missionária é um fenómeno muito relevante na vida da Igreja dos nossos dias, fruto de um processo gradual que tem gerado um novo dinamismo.
A "revolução" eclesiológica do II Concílio do Vaticano estimulou uma nova participação dos leigos na vida da Igreja, com repercussões óbvias na Missão. Assim, foi ultrapassada uma visão que limitava a cooperação à oração pelas Missões e ao gesto de partilha material, no Dia Mundial das Missões.
Em 2010, 360 voluntários de cerca de cinquenta entidades diferentes em Portugal vão partir em missões de cooperação internacional, para Moçambique, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Brasil, Timor-Leste, República Centro Africana, Colômbia e Zâmbia. Os jovens são quem, cada vez em maior número, doam um pouco da sua vida ao mundo missionário.
Os números actuais do voluntariado missionário são incomparáveis aos que deram início a este movimento, na década de 80. Os leigos missionários são todos aqueles que, em ligação com uma das entidades associadas a este projecto, queiram trabalhar, pelo menos durante um ano, em projectos de cooperação ou de evangelização com a Igreja Católica.
Num mundo global e interdependente, que “nos torna vizinhos, mas não nos faz irmãos” (Bento XVI, Caritas in Veritate, n.º 19, 2009), o Voluntariado Missionário pretende ser uma resposta de fraternidade à desatenção que caracteriza o tempo em que vivemos. Anualmente, muitos são os que, reconhecendo o valor da ajuda responsável e solidária, partem em missões de desenvolvimento que geram relações de afecto e proximidade com as populações locais.
Em Portugal, tal acção é visível, “sobretudo através dos jovens que todos os anos, e cada vez em maior número, doam, com alegria e generosidade, um pouco da sua vida ao mundo missionário, e que regressam com novo entusiasmo, que temos de saber acolher, estimular e multiplicar (…).” (Como eu vos fiz, fazei vós também – Para um rosto missionário da Igreja em Portugal, Carta Pastoral dos Bispos de Portugal, n.º 24, 2010). Nascido há 22 anos de forma espontânea, o Voluntariado Missionário é hoje uma realidade consolidada, que assume uma forte expressão e reconhecimento no nosso País.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fé e ciência não se opõem


Dono de um currículo impecável dentro do mundo científico e de um entusiasmo contagiante em relação a tudo o que se refere à genética, Collins foi encarregado de encabeçar um consórcio público integrado por centros de pesquisa norte-americanos, britânicos, franceses, alemães e japoneses – os chineses vieram mais tarde – com a tarefa hercúlea de sequenciar todos os três biliões de pares de bases que constituem o DNA humano.
Entre 1995 e 1999, Collins e sua equipe protagonizaram, com a Celera Genomics, do cientista Craig Venter, uma competição acirrada pela primazia no anúncio do sequenciamento completo do “mapa da vida”. A corrida entre os consórcios público e privado culminou com um anúncio em conjunto, na Casa Branca, de que o Genoma Humano estava finalmente completo e pertencia, a partir dali, a toda a humanidade.
A data histórica ainda não havia completado seu sexto aniversário quando, em 2006, Collins lançou, nos Estados Unidos, o livro “A Linguagem de Deus”, no qual dava conta de que para ele não existia qualquer dilema entre fé e ciência. Em 300 páginas escritas com elegância e sinceridade, um dos mais notórios homens da ciência admitiu que acreditava piamente em Deus criador. A obra reacendeu o velho debate entre crentes e ateus, movimentou evolucionistas e criacionistas e suscitou embates históricos – o mais famoso deles deu-se entre Collins e o zoólogo e evolucionista britânico Richard Dawkins.
A polémica, no entanto, não foi suficiente para abalar o prestígio de Collins na comunidade científica ou afastá-lo das salas de aula e dos centros de pesquisa. Pelo contrário. No ano passado, ele foi nomeado por Barack Obama para dirigir os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, aos quais está directamente ligado o Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, que ele liderou ente 1993 e 2008.
Alheio à polémica gerada em torno de suas crenças, o cientista cristão acaba de lançar mais um livro. Intitulado “A Linguagem da Vida”, a obra é um apanhado sobre as mais recentes descobertas pós-genoma. Nela, Collins dá-nos conta – entre outras coisas – das maravilhas do Genoma e mostra ao leitor como a genética está conduzindo a medicina para o conhecimento do porquê das doenças. Um caminho onde, segundo ele, a personalização dos tratamentos já é uma realidade e a prevenção e a detecção precoce de doenças serão uma ciência cada dia mais precisa.